Banco Mundial: expansão da economia global sem inflação deve cair ao menor nível em 30 anos
Forças econômicas que impulsionaram a economia mundial estão desaparecendo, alerta Banco Mundial
O Banco Mundial alertou que a taxa máxima de crescimento econômico global, sem provocar inflação, deve cair até 2030 para o menor nível em 30 anos, possivelmente resultando em uma década perdida. Em um relatório divulgado nesta segunda-feira, 27, a instituição informou que quase todas as forças econômicas que impulsionaram o progresso nas últimas três décadas estão desaparecendo. Como consequência, o potencial de crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve recuar para 2,2% ao ano entre 2022 e 2023, cerca de um terço da taxa registrada na primeira década dos anos 2000. Nas economias em desenvolvimento, a queda seria de 6% ao ano para 4% ao ano. Além disso, o declínio pode ser ainda mais acentuado em caso de uma crise financeira ou recessão global.
O economista-chefe e vice-presidente de Economia do Desenvolvimento do Banco Mundial, Indermit Gill, afirmou que: “O declínio contínuo no potencial de crescimento tem sérias implicações para a capacidade do mundo de enfrentar o crescente leque de desafios único aos nossos tempos – pobreza persistente, rendas divergentes e mudanças climáticas.”
Gill ressaltou que a desaceleração econômica pode ser revertida por meio de políticas que incentivem o trabalho, aumentem a produtividade e acelerem o investimento. O relatório aponta que adotar políticas sustentáveis e voltadas para o crescimento pode impulsionar o crescimento potencial do PIB em até 0,7 pontos porcentuais, atingindo uma taxa média anual de 2,9%.
O relatório destaca a importância de ações políticas específicas para promover o crescimento econômico a longo prazo. Uma dessas ações é alinhar as estruturas monetárias, fiscais e financeiras para moderar os altos e baixos dos ciclos de negócios. Controlar a inflação, estabilizar o setor financeiro, reduzir a dívida e ter prudência fiscal são medidas importantes para atrair investimentos e aumentar a confiança do investidor nas instituições e políticas nacionais.
Além disso, o investimento em áreas-chave, como transporte e energia, agricultura e manufatura adaptadas ao clima, e sistemas agrários e hídricos pode aumentar o potencial de crescimento em até 0,3 ponto percentual ao ano e aumentar a resiliência a desastres naturais no futuro.
Outra medida importante é reduzir os custos comerciais associados ao transporte, logística e regulamentações. Os custos comerciais podem ser reduzidos pela metade ao adotar práticas de facilitação do comércio de países cujos custos sejam menores. Os custos comerciais podem ser reduzidos de maneiras adaptadas ao clima pela eliminação do atual viés em relação a bens intensivos em carbono, inerentes aos sistemas tarifários de muitos países e pela suspensão das restrições ao acesso a bens e serviços favoráveis ao meio ambiente.
O relatório também destaca a importância de capitalizar em serviços, especialmente em serviços profissionais prestados digitalmente relacionados à tecnologia da informação e das comunicações, que podem gerar importantes ganhos de produtividade. Para isso, é importante investir em educação, treinamento e desenvolvimento de habilidades, especialmente em áreas que estão em alta demanda no mercado de trabalho.
Em resumo, o relatório destaca a importância de uma abordagem multilateral para enfrentar desafios globais como a mudança climática e a desigualdade econômica. Os países devem trabalhar juntos para criar um ambiente econômico e comercial mais estável e previsível, promover o comércio justo e o investimento responsável e fornecer apoio financeiro e técnico aos países em desenvolvimento.